domingo, 10 de janeiro de 2010

Diário

Pode parecer estranho ler o diário de alguém como eu. Um andarilho, indigente, esfarrapado, desolado. Mas, muitas vezes, assisto a coisas que me obrigam e descrevê-las. Talvez as páginas desse caderno amassado sejam perdidas ao vento, queimadas em algum fogo, a fim de aquecer algum corpo desesperado, ou ainda lançadas fora, vindo da mão de quem o veio. Mas, por sorte, alguém leria essas bobagens, e quem sabe fizesse sentido.
Aprendi muitas coisas. Andar pelas ruas solitário é um exercício de aprendizado constante, de vida em sociedade, de sentimento, de respeito e tudo que abraçam a condição humana. O mundo é imenso. É até infinito, já que, ao chegar ao final do círculo, tudo que estava no início se renovou, e nunca vejo as mesmas coisas. São sempre novas. E, ao mesmo tempo, sempre iguais. Pessoas são pessoas. São corações, almas, espíritos. Isso e só isso caracteriza um ser humano. E elas são um mosaico, com colagens expressivas, feitas por todos que passavam em sua frente. Como um filme fotográfico, elas absorvem o exterior, e transformam em interior. E todas as telas são iguais, antes de receber os cacos que moldarão a sua personalidade. Elas são muito pouco da obra. Prefiro crer que todos são bons, até que algo altere a órdem das pedrinhas. Até que algo saia fora do esperado. Talvez o meu pensamento também mude.
Porque, pensamentos e sentimentos são acima e mais do que qualquer outra coisa, efêmeros. Efêmeros ao extremo, ao ponto de sobreporem os corpos e as mudanças climáticas. Elas são como as ondas do mar. Elas andam por todo o oceano, elas vão e vem. Elas são só uma pequena parte, de toda a água que é a existência humana.
Prefiro não descrever a mim mesmo, nem a personalidade do meu mosaico. Prefiro que captem, em cada letra, linha ou entrelinha, quem eu sou de verdade. Que a minha caminhada possa influenciar na de todos. Que as lições sejam compartilhadas acima de tudo. É esse, hoje, o meu desejo.

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