domingo, 7 de março de 2010

Hoje

Hoje acordei diferente. Acordei com vontade de escrever. Lembrei desse infame diário, que apesar de não pesar na velha bolsa, pesa na mente. Talvez não seja de fato um diário. Porque não é de fato diariamente que o visito. Mas quando visito, deixo mais do que a receita de um dia. Ou não.
Assisti outra lição moral de algo que eu chamo de vida. É pessoal, chame como achar melhor. E dessa vez foi de fato reveladora.
Caminhava pela praia, o que sempre me dava prazer. De repente comecei a me deparar com um enorme canteiro de obras. As pessoas andavam de um lado para outro, pareciam que sabiam o que tinham de fazer, o que depois eu soube ser só parte do show. Elas carregavam grandes blocos, faziam argamassas, levantavam paredes. O mais incrível era: cada um fazia o seu edifício. E sem a ajuda de ninguém, apesar de eles sempre me falarem o contrário.
Vi homens levantarem castelos, grandes obras de arte, o que me deixava espantado. Por um momento, sentado sobre uma daquelas grandes dunas, tive a sensação de que aquele lugar não era propício para aquelas construções. Ainda assim, preferi manter-me inerte. Era o mais seguro.
Decidi manter meu posto e assistir com mais afinco as obras, quem sabe aquilo pudesse me dizer algo. E podia.
Um daqueles construtores levantou um castelo imenso, o decorou cuidadosamente com o que havia de mais precioso por perto. Cuidou de cada detalhe. Tive a honra de visitar os aposentos, e vi o quanto havia dado trabalho. Tudo se encaminhava perfeitamente. Ótima conjugação para esse verbo.
De repente, como costumeiramente, no fim de alguma tarde preguiçosa, o vento do sul soprou forte. E como sempre, muito forte. As pedras soltas voavam, e as pessoas corriam de um lado para outro. Em um lapso, sem mostrar resistencia, o grande castelo ruiu, como uma grande pedra afundando em águas agitadas, como um pássaro atingido por uma bala. tudo o que era de mais precioso se fazia em terra.
Pensei em como seria doloroso. Pensei em como deve ter sido penoso. Mas, ao mesmo tempo, sabia que praia não é lugar de castelo, e areia não serve de alicerce. Pensei ainda que de nada adiantava tanto pensar. De nada adiantava tanto escrever, tanto esgoelar. Cada um escolhe seu terreno, e isso é irrevogável.
Quem sabe um dia alguém aprenda algo com essas palavras tolas. Quem sabe faça sentido pra alguém. Quem sabe algum construtor tire lições, ou ainda algum sábio, que não se leva por paixões. Malditas suposições!

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